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18/11/2025

O que o integrador solar precisa saber sobre curtailment

O curtailment de energia solar causa perdas reais na geração distribuída. Proteja seu pós-venda de reclamações e prove a falha da rede com monitoramento.

O que o integrador solar precisa saber sobre curtailment

Você, integrador, acompanhou a recente tensão sobre a Medida Provisória 1.304? O setor se uniu e conquistou uma vitória regulatória essencial. A tentativa de criar uma nova cobrança sobre a energia compensada foi derrubada na Câmara e no Senado, evidenciando a força e a segurança jurídica da Lei 14.300 (Marco Geral da GD).

Enquanto o risco de uma nova taxação foi (por hora) neutralizado, esse debate jogou luz sobre um problema técnico que está crescendo silenciosamente e afeta diretamente o seu cliente.

Levantamentos como o da consultoria Volt Robotics apontaram perdas de R$ 1,6 bilhão na geração centralizada em 2024 devido ao curtailment.

Se o seu cliente já ligou reclamando que a usina não está gerando em pleno dia de sol, mesmo sem falhas aparentes, ele pode estar sofrendo cortes da rede. Esse fenômeno está se tornando o novo pesadelo operacional do integrador de geração distribuída.

No artigo de hoje, vamos explorar o que é o curtailment, por que ele acontece na geração distribuída e como um monitoramento eficiente é a única ferramenta que protege o integrador do desgaste operacional e financeiro.

O que exatamente é o curtailment de energia solar?

O curtailment, ou "corte", é a redução intencional e controlada da quantidade de energia que um sistema fotovoltaico injeta na rede elétrica, mesmo quando ele tem capacidade total de produção.

É fundamental diferenciar o curtailment de outras perdas técnicas:

  1. Perdas não-intencionais: São falhas ou limitações passivas, como sombreamento, sujeira nos painéis (soiling), degradação dos módulos ou cabos subdimensionados.
  2. Curtailment (intencional): É uma ação ativa. O sistema poderia produzir mais, mas é instruído (pelo inversor ou pela distribuidora) a não fazê-lo para garantir a estabilidade da rede.

Por que a geração de energia está sendo cortada?

O curtailment não é uma falha do equipamento solar; é uma resposta às condições da rede. A infraestrutura elétrica não acompanhou o crescimento exponencial das energias renováveis.

Os grandes parques solares e eólicos (geração centralizada) sofrem cortes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) por dois motivos principais:

  • Limitações na transmissão: A infraestrutura de transmissão (as grandes linhas) não é suficiente para escoar toda a energia gerada no Nordeste para os centros de consumo no Sudeste.
  • Excesso de geração: Ocorre um descompasso entre a alta geração (pico do sol) e a baixa demanda (consumo menor nesses horários). Como é mais fácil e rápido desligar uma usina solar do que uma termelétrica, as renováveis são as primeiras a serem cortadas.

A realidade do curtailment na geração distribuída

Para o seu cliente de geração distribuída, o problema é mais próximo e técnico, ocorrendo diretamente na rede de baixa tensão do bairro:

Sobretensão (Overvoltage) na rede

Esta é a causa número 1 do curtailment na geração distribuída. A rede da distribuidora deve operar em faixas de tensão específicas. Quando muitas usinas (vários vizinhos com solar) injetam energia ao mesmo tempo em um mesmo transformador, a tensão na ponta da linha sobe.

Se essa tensão ultrapassar os limites de segurança (definidos pela ANEEL), os inversores são programados por norma (PRODIST) para se desconectar ou reduzir drasticamente a potência para proteger a rede.

Congestionamento local

Similar ao problema macro, mas em escala de bairro. A subestação ou o transformador da rua não foi projetado para o fluxo reverso de energia de dezenas de usinas. Em horários de pico solar, a rede local satura, forçando os inversores a limitar a injeção.

Do payback do cliente ao desgaste operacional do integrador

Para o cliente final, a discussão sobre tensão da rede ou normas da ANEEL é irrelevante. A única métrica que importa para ele é o resultado na fatura de energia no fim do mês.

Quando o curtailment acontece, a geração de energia cai. Com isso, a economia prometida no momento da venda não se concretiza. Para o cliente, a conclusão é óbvia (e incorreta): o problema está no projeto ou nos equipamentos que o integrador instalou.

Essa situação cria um ciclo de desgaste financeiro e operacional para o integrador, que precisa lidar com:

1. Aumento de custos com O&M

O cliente insatisfeito abre um chamado, e a equipe técnica é deslocada para a visita, gastando tempo e recursos para diagnosticar um sistema que está funcionando perfeitamente.

2. Desgaste no pós-venda

O integrador fica em uma posição difícil, tendo que provar que o problema não é sua responsabilidade, mas sim uma limitação da rede da distribuidora.

3. Atraso no payback do cliente

Com menos energia sendo injetada, o retorno financeiro do projeto fica mais longo, gerando frustração.

4. Riscos financeiros graves

Em casos extremos, um cliente que se sente lesado pode tentar suspender o pagamento do financiamento, alegando que o produto não entrega o que foi prometido.

Nessa nova era, o integrador, para se proteger e garantir a satisfação do cliente, precisa mudar seu posicionamento. E para isso, ele precisa de dados.

Quais são os caminhos para a mitigação?

Enquanto o governo federal e o MME buscam soluções macro, como os leilões de transmissão (R$ 60 bilhões em investimentos desde 2023), o integrador pode começar a pensar em soluções técnicas para o problema local.

As estratégias de mitigação mais discutidas para a geração distribuída incluem:

  • Armazenamento de energia (BESS) para desviar o excedente.
  • Controle ativo de potência e gerenciamento de reativos nos inversores.
  • Otimização do projeto (como o design Leste-Oeste para "achatar" a curva de geração).

No entanto, antes de aplicar qualquer solução, é preciso diagnosticar corretamente o problema.

O maior desafio operacional do integrador solar

A pergunta que define o sucesso ou o fracasso da operação de um integrador hoje é: como provar que a falha na geração não é culpa do seu equipamento, mas sim um corte da rede?

Esperar o cliente ligar reclamando é o pior cenário. A proatividade é a única defesa.

Contudo, a rotina de um integrador que faz O&M é complexa. Para verificar o status de dezenas ou centenas de usinas, o profissional precisa perder um tempo precioso acessando múltiplos portais: o portal de cada fabricante de inversor (muitas vezes vários diferentes) e, em alguns casos, o portal da própria concessionária.

Isso tem um impacto direto na produtividade, torna o monitoramento ineficiente e faz com que os problemas só sejam descobertos quando o cliente reclama.

A defesa do integrador é o monitoramento centralizado

A base para um pós-venda eficiente é a centralização dos dados. Plataformas como o SolarZ Monitoramento resolvem essa dor operacional.

O sistema foi desenhado para que o integrador consiga ver todas as suas usinas instaladas em um só dashboard, independentemente do fabricante do inversor.

Com essa visão unificada, o SolarZ Monitoramento funciona como a caixa-preta que protege o integrador.

Diagnóstico diferencial: O sistema cruza a irradiação com a geração real. Se a geração está zero, mas o inversor está online e reportando códigos de "Sobretensão" (Grid Voltage Fault), o integrador tem a prova documental de que a culpa é da rede da distribuidora.

Alertas inteligentes: Em vez de esperar o cliente ligar, o integrador consegue ver alertas automatizados de "Geração Zero" ou "Baixo Desempenho" e pode analisar a causa remotamente.

Do alerta de falha à gestão do pós-venda

Para fechar o ciclo do pós-venda, o SolarZ Monitoramento possui integração nativa com o SolarZ CRM.

Quando um alerta de curtailment é gerado, o integrador não só identifica o problema técnico, mas também acessa o histórico completo daquele cliente.

Isso permite um contato proativo; é possível contatar o cliente e explicar a situação (uma instabilidade da rede da concessionária, e não um defeito do equipamento) antes mesmo que ele perceba a queda na geração.

Isso transforma uma potencial reclamação em uma oportunidade de demonstrar autoridade e cuidado no pós-venda.

O foco mudou da regulação para a operação

O debate sobre a MP 1.304 mostrou que a estabilidade regulatória, embora vital, não é o único pilar de um projeto solar. Agora, o desafio imediato do integrador é técnico e operacional.

A resposta para o risco de curtailment é vender de forma mais inteligente. O integrador que prosperará é aquele que usa dados para blindar sua operação, provar a performance dos seus projetos e gerenciar ativamente as usinas dos seus clientes.

O monitoramento profissional deixou de ser um diferencial de pós-venda e se tornou a principal ferramenta para garantir a saúde financeira e a reputação do negócio.

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